inapta a viver de cabeça leve

sábado, 28 de janeiro de 2012

''É só repousar meus braços sobre o papel que,sem que eu tome conhecimento,as linhas que eu escrevo se amarram em meus pulsos,como algemas de náilon.Elas passam a escrever por mim.Quando percebo,estou preso as folhas e,a cada movimento que faço tentando me libertar,mais profundos são os cortes que essas linhas entalham na minha pele.

Não mais consigo empunhar a caneta.O nó aperta,atritando-se contra meus ossos.O sangue cobre as folhas pautadas,apagando tudo o que escrevi até então.Fitando a folha,agora vermelha,vejo que estou livre para escrever novamente,agora em novas cores.

Me pergunto:
Devo eu não escrever ? Devo eu não dizer?Devo eu apenas guardar pra mim esses contraditórios sentimentos bifurcados ?

No calor da hora,a gente não percebe que as flores que a gente escreve podem atingir como espinhos a pele do destinatário.A gente manda rosas,mas se esquece de avisar que elas não devem ser seguradas pelo caule,repleto de espinhos,Palavras são como armas de fogo operadas por cegos.

Quando as palavras nos amarram,tudo o que a gente precisa é de alguém que tenha um canivete suiço.Mas amarados,a gente não tem como procurar ''       



Lucas Silveira









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