inapta a viver de cabeça leve

quinta-feira, 14 de março de 2013

eu vou escrever rápido, preciso dormir, estou sem tempo.
Minha mãe foi me buscar na etec como todos os dias, estavamos fazendo nosso caminho normal, paramos no farol, de uma casa do lado direito , portão preto, saiu uma mulher aos berros, atras dela saiu um moço com um garotinho no colo, no sentido contrario pro que ela tava gritando. O garotinho.. olhei bem no rosto dele, tava quase de frente pra mim, tinha o cabelo cacheadinho, castanho... bem branquinho, devia ter uns 4 anos. O pai dele, ou seja lá quem era aquele moço agachou na frente de um carro e começou a fazer respiração boca a boca no menininho, enquanto a mulher berrava, nisso, saiu outro moço que abriu o carro, o moço que estava com o garoto se enfio dentro do carro com ele e gritou ' vai, ele não está respirando', o carro foi embora.
Eu não sei explicar e nem vou tentar explicar o quanto fiquei mal com aquela cena, e você nunca vai entender, o rostinho do menino, tão inocente... morrendo. Eu não faço a minima idéia do que aconteceu, se ele estava só desmaiado, mas pelo desespero, acho que se não estava morto, estava morrendo. Queria muito saber se ele está bem, queria muito, mesmo que ele estivesse.
Continuamos nosso caminho desesperadas, pareciamos mais desesperadas que a mulher que tava berrando na rua, meu irmão entrou no carro quando paramos na escola dele pra busca-lo, ele perguntou o que tinha acontecido e começou a dar umas explicações totalmente inocentes e sem nexo pro menino não estar respirando, chegou a dizer ' Não mãe, depois ele acorda, só parou de respirar um pouco', tão tonto. De pensar que o garoto tinha menos idade que meu irmão, era mais tonto que meu irmão, sabia ainda menos, tinha ainda mais pra viver e aprender.
Acho que amanhã eu e minha mãe vamos na casa do garoto ver se ele está bem, espero que esteja.. espero não, ele vai estar.
Eu sempre fiquei chateada e afetada com a forma em que a vida deixa o corpo, com a forma que isso é injusto. Quando aconteceu o desastre de Santa Maria fiquei tão chocada quanto, mas dessa vez, foi diferente, eu vi, eu me desesperei junto. Mas ele vai ficar bem, mesmo que eu não descubra se ele ficou bem ou o que houve com ele, prefiro pensar que ele está vivo, já em casa a essa hora, dormindo com a mulher gritona do lado dele , agora tranquila por vê-lo bem.

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