inapta a viver de cabeça leve

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

pela frestinha da janela posso ver o céu mudando de cor e clareando meu quarto. Posso ver aquele degradê, azuis de tantos tons que eu tanto amava ver e nos últimos tempos não via. Lembrei da última vez que vi com atenção o amanhecer e me apaixonei de novo por ele... Era época de tcc, eu tinha ido dormir as 2 horas e acordado as exatas 5 e meia da manhã pra fazer ficha técnica da monografia, ainda tava noite e eu nem tava com sono pra ser sincera, mal conseguia descansar quando lembrava que faltava uma semana pra ter aquilo em mãos e eu tinha tanta coisa pra fazer. O dia foi amanhecer depois que minha mãe já tinha saído pra trabalhar, era terça-feira então ela tinha rodízio o que a faz sair bem mais cedo do que o normal. E eu fiquei ali no sofá, olhando o céu e querendo não chorar por estar tão cansada e tão desesperada com o fim daquilo tudo.

Lembrando de dias em que vi o sol nascer lembro do ano novo de 2011 pra 2012 onde eu tentei ver mas não vi nada por ser distraída demais. Lembro do dia em que dormi na Mariana e rimos a noite toda o que nos deixou agitada o suficiente pra não dormir antes de virar dia. Lembro do sorrisos da Bianca quando era umas 7 da manhã e eu tava deitada num colchão na sala e ela chegava tentando não me acordar e deitando do meu lado e quando eu falava 'oi, não dormi ainda' ela ria, aqueles risos que estavam segurados por conta da felicidade que você sente que a pessoa tá segurando pra não deixar transbordar.

O cheiro de 2009, por algum motivo todas as meninas que eu conhecia da mesma idade que eu usavam um perfume da capricho. Senti esse cheiro e me voltou toda aquela coisa de querer pintar o cabelo e minha mãe não deixar, de chorar vendo  clipes, de ficar brava porque minha mãe achava que não podia sair todo final de semana, de ter que voltar antes das nove. O cheiro do cabelo repicado, da maquiagem preta, das mil pulseiras e all star, das unhas curtas e pretas.

Quanta coisa acontece, quantos amigos ficaram pra trás.

Andei pensando em formas de conhecer alguém novamente, esquecer coisas que já passaram num nível tão sério em que você pudesse realmente se abrir pra conhecer alguém tudo de novo. Percebi que talvez agora eu seja alguém pra algumas pessoas conhecer de novo. Estranho como não sou mais a menina do cabelo laranja, como não sou mais quem só usava uma camiseta preta, como não sou mais quem usa moletom e calça jeans larga.
Me disseram " Eu sinto falta da Letícia menino, daquela meio boba, de dente torto, moletom e blusa preta, sinto falta disso e não da que tem blog de moda e é toda mulher e bonita"
Nesse tempo eu me perdi, o melhor que eu já fui não tem a ver com a tinta colorida do meu cabelo e nem com nada disso, tem a ver com o que eu era.. tão desprendida de tudo e tão presa ao que interessava de verdade. Talvez seja confuso pra quem não me conheceu naquela época e não viu como TUDO mudou desde então.
Mas me sinto feliz, finalmente percebi que tudo mudou mas tenho o MEU caminho. "Você é uma esponja", sou, meu deus, eu realmente sou. Tudo à minha volta é absorvido, tudo do que eu vivi ficou comigo, um pedacinho da cada pessoa com quem passei algum tempo me fez, mas agora eu só quero ser eu.

De fato me tornei alguém mais crescida, meu dente arrumou, meu cabelo não chama mais tanta atenção, eu tenho mais roupas, mais sapatos e até sei fazer roupas agora. De fato eu tenho um blog e me dedico à ele e espero que ele cresça muito e com isso eu também, de fato eu quero ser muito maior que antes. Mas ainda tem muito da Letícia de antes e isso me consola, as coisas podem ser resolvidas, eis que achei a solução!

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