inapta a viver de cabeça leve

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

eles- parte 2

Uma noite fria, eles pareciam chateados apesar de terem conversado sobre estarem tão distantes mesmo estando tão juntos.
Eles, durante a semana só se encontravam durante a noite, trabalhavam. Ela chegava estressada, mas melhorava depois de um banho bem tomado e um prato de comida. Ele sempre tranquilo, ficava estressado pela manhã ou depois de muito fazer algo ou muito não fazer nada.
Ele estava de moleton, deitado no sofá quando ela abriu a porta. Abriu e no mesmo momento ele notou a chateação dela entrando pela casa e encontrando com a dele.
Ela passou pelo sofá 'Oi' e lhe deu um beijo, virou e foi pro quarto.
-Como foi seu dia amor? Você parece cansada.
- Exaustivo como todos os outros né? E o seu? Muitos desenhos?
- Alguns.
Ela entra no banheiro, tranca a porta, está séria. Olha pro espelho e cai uma lágrima, ela não parece das mais felizes. Repeti pra si mesma na sua cabeça ' Vai melhorar, você está cansada, depois de um pouco de sono os sentimentos se amenizam um pouco, você só está de cabeça quente'. Liga o chuveiro, está tão frio, quando o banheiro fica cheio de fumaça ela tira sua roupa para entrar em baixo da água que estava quente o suficiente pra diluir toda aquela chateação dela.
Na sala, ele tenta entender qual parte deu errado, porque não funcionou a conversa, porque a casa ainda tem tristeza, porque a vista da sacada agora é triste, porque eles não tem mais tempo de rir, não se tocam mais como antes.
A água passa por ela, ela sabe que tem tanto a fazer e tão pouco tempo até pra tomar banho, mas hoje, hoje ela quer ficar ali, daquele jeito, sentindo a água quente passar pelo seu corpo levando uma parte do seu cansaço até quando lhe for possível aguentar. Ela pega o shampoo, coloca nos seus cabelos, lava os com tanta calma pra que a sensação de que tudo melhorou dure mais. Ao final, lava seu corpo, olhando cada desenho em seu corpo e se lembrando da história de cada um, olhou do coxa direita, sorriu.
Quando abriu a porta do banheiro, já toda vestida, com os cabelos enrolados em um toalha, olhou pro quarto e o viu sentado na cama, olhando pro nada, pro chão.
Sentou ao lado dele : - O que houve?
- Eu não sei, você sabe?
- Do que está falando?
- De tudo, tem tristeza por todo lado.
- Mas eu sou feliz.
- Não é, não mais.
- Eu não estou, mas sou.
Ele abaixa a cabeça, ela também.
- Olha pra mim - diz ela colocando a mão no rosto dele- Nós não somos tristes, somos?
-Não eramos, mas estamos
Ela sorriu, ele abaixou a cabeça. E ela começou a rir, alto, gargalhadas. Deitou seu corpo na cama. Ele deitou do lado dela, olhando pra cima, assim como ela, diz:
- Do que você está rindo, sua tonta? - e dá uma risada também.
- Tem nos faltado tempo de sorrir, gargalhar..
- É, eu sei, sinto falta - e a expressão feliz sumiu.
- Sabe, a gente já teve outras épocas ruins, mas passou não foi? - e ela o olhou e deu um sorriso de leve.
- Claro que sim, sempre superamos. - disse ele enquanto virava a cabeça pra olhá-la.
- Posso te pedir um coisa, amor?
- Sempre, tudo que eu puder te dar.
- Me dá um beijo.
Eles se beijaram, com todo o amor. Pararam, se olharam, ela sorriu, ele a beijou de novo.
- Faz tanto tempo que...
- Você é um idiota!
- Porquee???
- Cala a boca, tá estragando tudo - E deu um tapa de leve no braço dele.
A noite foi restauradora pros dois, mas eles ainda não sabiam se seria o suficiente. Aquilo obviamente os faria melhorar, não só por ter acontecido e ponto, mas por eles terem se sentido tão perto, terem lembrado que decidiram ser um só.
Acabaram dormindo, ela do cabelo molhado, ele deixou a tv ligada. Era 5 horas quando o despertador tocou, ela acordou, se sentiu bem quando olhou e o viu abraçado com ela, o sentiu perto. Levantou devagar pra não o acordar, e lembrou 'putz, dormi com o meu cabelo molhado'. Ela tinha o cabelo na cintura, pensou ' é hoje que saio atrasada pra valer', resolveu prendê-lo.
Se vestiu, colocou seus sapatos, foi acordá-lo.
- Amor - deu um beijo- acorda, já deu seu horário e alem disso, preciso ligar o secador.
Ele abriu o olho. - Tá falando de secador a essa hora da manhã de secador, Isadora?
- Bom dia Valentin, agora levanta da cama e deixa eu fazer meus barulhos em paz. - e sorriu.
Ele não tava brincando, já disse, acordava super estressado.
Terminou de arrumar secando sua franja, passou na cozinha pra fazer algo pra comer, tinha na mesa seu café feito. Ele estava tomando banho, ela tomou correndo, passou na porta do banheiro e gritou 'Estou indo amor, bom dia, brigada pelo café', ele respondeu, mas ela não conseguiu entender. Saiu pela porta aos passos apertados, desceu de escadas, não tinha tempo para elevador.
Passou pelo porteiro - 'Bom dia'- deu seu primeiro passo na rua, dia claro, bonito, mas tava um frio... Ela adorava frio, mas tinha dia que tinha vontade de dar meia volta e correr pra sua cama quentinha do que ficar naquele vento, andava bastante até seu trabalho.
Pegou seu onibus, seu metro, chegou uma e hora e meia depois no seu trabalho.
- Bom dia gente!
- Bom dia Isa.
Ela sentou, deixou sua bolsa de canto, e pensou ' lá vamos nós'.
Enquanto isso ele ainda andava pela casa de cueca, tentando achar seus lapis de cor, 'ela deve ter tirado do lugar ou levado com ela, que saco!'. Pegou os delas, ela ia ficar brava, tinha ciumes dos seus materiais de desenho, mas ele não podia fazer nada. Colocou tudo dentro da mochila, colocou a blusa mais quente que achou no guarda roupa, abriu a geladeira, pegou queijo, colocou no pão, pegou seu café, comeu devagar. Pegou sua mochila e fez o mesmo caminho que ela, exceto pela parte da escada, mesmo que ele não tivesse tempo pro elevador o pegaria. Chegou no trabalho uma hora depois.
- Iai, demorou hoje?
- Não muito, acho que só uma hora. - Disse ele apertando a mão do moço na recepção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário